quarta-feira, 27 de abril de 2011

Z de Zarpar (Zuarte)

Ás vezes uso jaqueta de brim com jeans. Algumas pessoas perguntam por que uso smoking canadense, outras por que uso smoking mexicano. É engraçado porque brim é classicamente americano. A confusão vem do fato de que mundo está coberto de brim atualmente.

Essa é a realidade de morar num pais com cultura praticamente onipresente graças à globalização e o poder nacional. Há gente que diz americano não tem cultura, mas provavelmente escuta as bandas americanas e conhece os nossos filmes. Ainda, num sentido, tem razão. Se a cultura cobra ao mundo, se torna como algo nublado no fundo. Se torna como uma tela quando outras culturas aparecem em cores vividas e distintas. Eu lembro quando vi um Mcdonalds em Madrid num edifício muito antigo e legal. Inicialmente, senti conforto, porém, rapidamente, receio. Um Mcdonalds, no centro desta cidade tão elegante e digna, num edifício gotejando historia e possivelmente mais antigo que o meu país? Na mesma viagem acompanhei um amigo espanhol a um filme americano. Foi horrível. Claro, eu gosto de muitos aspetos culturais do meu país: a comida (especialmente do sul), o Rock & Roll, a mescla étnica, a individualidade feroz, mas às vezes , quando viajo, eu penso num tópico sobre o qual já escrevi: a fronteira. Onde encontraria agora?

Y de Yadda Yadda Yadda

Não posso recordar se a vida imita a arte ou a arte imita a vida. Possivelmente a citação original inclui as duas, não sei. É certo que, para mim, a vida imita Seinfeld.

Um artigo no Wall St. Journal disse que Seinfeld não parece engraçada atualmente porque as pessoas ágoras estão tão obcecadas com si mesmas que não vêem o ridículo dos personagens. Obviamente esse escritor tem sentido de humor bem antagônico. Na minha opinião, nada é mais engraçado que o que mostra a realidade, ridícula e banal. Eu adoro Seinfeld e não estou preocupado em ouvir os seus ritmos na minha vida. Os meus amigos gostam de identificar momentos de Seinfeld nas nossas conversações neuróticas. Não são citações diretas, mas preocupações ou coes embaraçosas e exageradas. Se a vida imitasse essa parodia desta maneira, estivesse bom.

X de Xenofobia

A sociedade tolerante fica numa crise de identidade constante porque abraça todas as outras ideologias que tentam infestá-la com suas próprias idéias e valores. Idealmente a sociedade tolerante seria invencível aos habitantes intolerantes, mas não acontece assim, especialmente na universidade. Ao insistir que se faça tudo “politicamente corretamente” confessa se que é necessário lutar contra a intolerância com mais intolerância. Isso em usa torna é usado como arma para atacar idéias dissidentes. Todos que fazem isso- vão se foder.

Seriamente, sou agradecido pelos idealistas que brigam por qualquer expressão, a gente que gosta de dizer “não concordo com o que diz mas morro por seu direito de dizê-lo.” Mas que tipo de utopia seria esse, realmente? Acho que a sociedade tolerante não exista em nenhum país, e a situação ideal não pode existir por causa das contradições de suportar uma coisas e todas as coisas a uma mesma vez. Como pode suportar uma expressão livre e suportar a gente que quer proibir livros? Depende tudo da perspectiva em que se significa “livre” e na esperança de que essa liberdade ganhe. Por isso, é no alcance e não no objeto elusivo que encontramos uma forma de tolerância ou liberdade em nosso mundo.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

W de Web

O grande desafio da seguinte geração de escritores é escrever sobre a tecnologia.
Isso é uma cita duma professora de inglês dum amigo que relatou ela para mim. Não me considero escritor, mas isso fez impacto forte. É justo: não tenho lido sobre os mensagens apaixonadas e floreadas no Facebook. Em conjunção com isso, eu havia suspeitado a existência dum vazio na alma da internet. Mas isso é uma perspectiva reacionária, uma resposta à natureza difícil de adaptar.

Escassez faz valor em muitas coisas. É mais fácil e tentador mergulhar nas palavras duma carta e saboreá-las que de um e-mail. Mas o propósito das frases e sentimentos expressados numa carta não é a carta. É a abrir-se à outra pessoa, algo que não deve ser valorizado em termos de disponibilidade. Então, o orgulho de não compartilhar demais faz sentido em termos econômicos ou, possivelmente, estilísticos, mas isso não deve ser a preocupação final. Acho que, para mim, o temor da comunicação instantânea e ilimitada é que, quando a porta estiver aberta, uma inundação interminável de expressão profunda não chegue. Na web é possível encontrar e esgotar os limites desta maneira, e por isso são reticentes com suas vozes.

Conheço uma menina que disse que encanta virtualidade. Inicialmente isso me parecia vápido- que preconceituoso sou! Os conquistadores das vistas apavoradas da interação na internet ficam na fronteira da experiência humana. Hoje faz duas semanas que não tenho perfil em “lugar para amigos” porque percebi que só era espelha para minhas preocupações e esperanças. Não tenho nenhuma idéia de que está acontecendo nas vidas dos meus amigos, mas me dava conforto só existir na realidade, se isso tiver sentido. Os navegadores nos planos de refração ilimitado vai descobrir.

V de Voltar

A volta, ou idéia da volta, é o que nos sustenta nas viagens difíceis. Depois de toda adversidade, pensamos, posso voltar para casa, á terra natal, e vou estar seguro. Essa é a fortaleza pessoal: se tudo cair aos pedaços, ainda é possível voltar.

Também é uma ilusão. Odisséus volta a uma mulher infiel e tem que matar os pretendentes. Frodo Baggins volta a uma Shire arruinada por Saruman. Quando voltei à minha casa depois de dois anos na universidade no Texas, não encontrei algo literalmente como nas histórias, mas ainda não era o que ficava na minha imaginação ansiosa, e não podia matar alguém para revogar isso. É possível manter a ilusão por alguns dias pela vontade desperada- pode tentar ignorar o cabelo grisalho na coroa do pai, o passo fraco da mãe, ou algo diferente nos olhos da irmã. Mas não pode fazer trilhas que agora são subúrbios ou brincar com o cachorro que agora esta morto. Tudo muda- o mundo que era o seu vai embora, e a viagem não termina.


segunda-feira, 18 de abril de 2011

U de Universidade

A universidade moderna é um centro da turbilhão de nossa sociedade- portão de sucesso, centro de fomentação intelectual ou política, oportunidade para hedonismo extremo para muitos. Para os que podem pagar é o barco que traz meninos à vida de adulto na maneira preferida, e isso não é algo muito simples.

No passado, só era para gente aristocrática ou real; atualmente, é também o domínio da gente real. É lá que pessoas na realidade podem tentar agarrar os ramos ventosos da realeza. Isso é algo muito frustrante. Antes, os estudantes, geralmente muito ricos, pretendiam tornar-se eruditos e respeitáveis. Agora o propósito é, basicamente, a encontrar trabalho. Para pessoas como eu que têm encontrado uma relação inversa entre os sujeitos interessantes e os que conduzem a carreiras lucrativas e seguras, isso é receita para decisões penosas. O conflito entre dinheiro e interesses é especialmente acentuado nas universidades americanas porque são tão caros: é necessário encontrar algo que paga bem para escapar a dívida ou a ira dos fundadores da educação.

Então, é uma ironia terrível ficar paralisado pela sombra do homem erudito e aristocrático, quando ele não tinha que pensar na maneira em que seus estudos seriam quantificados. É gostoso imaginar que a seguir as paixões é honorável, mas as vezes tenho o sentimento rastejante que eu ando sem direção, lamentando quem me dera que eu fosse aristocrata...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

T da Terra

Não sei se o dia começou, exatamente, porque as noites de insônia são como memórias da criança que emergem duma névoa. Eu não dormi, mas esperei a madrugada para despertar. Ao me levantar com o sol, me deu um novo sentimento de amizade para ele. Isso foi complicado, bem rapidamente, com a friagem fora da barraca, e eu vi que seus raios ainda não tinham alcançado a ladeira onde ficava. Estava incrivelmente frio. Eu automaticamente associei a areia com o calor quando planejei esta viagem, e recebi uma noite miserável por este conhecimento pobre do mundo natural. Porém, quando eu fiquei de pé e mirei o rio de luz atravessando o vale, não me perturbou muito a friagem ou a fadiga. Só podia ficar pasmado pelo tamanho do mundo sem paredes ou telas, completamente e totalmente real em toda direção. Não podia resistir imaginar um homem ficando de pé aí cem ou mil ou dez mil anos antes. De repente a friagem me mordeu com ferocidade—eles provavelmente não tinham circulação tão horrível nas mãos—e virei para procurar os fósforos e acordar o meu amigo. A imaginar um homem ficando de pé lá cem mil anos depois é mais difícil: o mundo real é um tesouro doloroso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

S de Sobras

Tenho amigos na faculdade que são relativamente normais, com exceção dum certo ritual que eles fazem e que eu não posso explicar ou entender. Conheço Matt e Lauren desde a escola secundária, embora nos tenhamos tido um período de estranhamento de dois anos quando eu estudava numa outra universidade no Texas. Eu só percebi esse ritual quando voltei; então, não estou seguro de quando ele começou ou quais manifestações iniciais ele tinha.

Tenho que confessar que só testemunhei o seguinte por uma janela. A minha curiosidade começou quando notei um padrão peculiar: quando eu estava na sua casa às 2:45, eles começaram a sugerir educadamente mas insistentemente que eu saísse. Eu não queria ofendê-los, mas depois de algumas vezes eu me di conta de que sempre acontecia à mesma hora e eles tinham atitude estranhamente frenética. Finalmente, um dia eu acidentalmente saí sem minha bicicleta e quando tentei entrar de volta a porta estava trancada. Eu andei para uma janela e, entre as persianas toras, observei o seu empreendimento com muita surpresa.

O ritual é isto: Lauren come uma banquete por uma hora todo dia. De três até quatro o curso das suas interações muda drasticamente. Lauren sai de seu quarto num vestido elegante e com a pele duma raposa vermelha nos ombros. Sara-Jane, que é o outro companheiro de quarto deles, põe uma toalha de mesa rica e verde na mesa. Matt traz um prato dourada e um cálice. Seus braços agitam do peso enorme. Depois eles saem e voltam com todo tipo de comida sofisticada, especialmente animais selvagens que provavelmente venham duma caça terrível. Lauren devora tudo completamente sem preocupação com a inmudície que faz. Só pára de comer para tomar goles de vinho. Finalmente Matt e Sara-Jane trazem a sobremesa, bolos elegantes com inscrições que são impossível discernir.

Se, por uma razão ou outra, um pedaço de carne de porco ou algo assim é deixado de lado durante a limpeza, que começa às 3:55 e termina as 4:00 exatamente, eles não o mudam depois de voltar aos seus dias normais. Porém, inevitavelmente passam o resto da noite dando olhadas rápidos para ele, suas caras torcidas com receio.

terça-feira, 5 de abril de 2011

R de Ressaca

Bem-vindo e olá a todos! Ficamos no campus da Universidade Rice. Olhem para as árvores majestosas- tem mais árvores que estudantes! Que incrível. Chegamos ao dormitório Duncan. Informação sobre a consciência ambiental fantástica desta universidade: Duncan é o primeiro dormitório que tem certificado “ouro” pelo grupo LEED. Incrível! Este edifício tem grama no telhado. Grama no telhado! As janelas conservam energia super eficientemente. Janelas dos lideres do futuro, claro. Andemos ao piso mais alto, que realmente é um piso top! É um piso ao ar livre. Chegamos ao quarto mais perto da escada. Estou batendo na porta. É um prazer enorme ser embaixador da escola a visitantes tão distintos como os senhores. Ai! Alguém vem para abrir a porta.

Oh! Seus olhos são negros e vermelhos.
Podemos entrar e ver seu quarto?
Oh! Sua voz é uma cascata cascalhada de uísque e cigarros.
Bem, nossos estudantes trabalham seriamente e festejam seriamente também, né? Podemos ver seu quarto? Claro que sim, você não seria mal-educado com os nossos visitantes dignos!
Oh! Vidro quebrado. Garrafas em todo lugar! E o seu companheiro de quarto está vivo ou morto?
Isso é um absurdo, absurdo, caso estranhíssimo.. vamos embora, vamos- mas olhem para o chão: é de concreto, super amável ao meio ambiente, nossos lideres do futuro- se vocês pudessem ver o chão...

quarta-feira, 30 de março de 2011

Q de Qaddafi

Moammar Qaddafi não é o primeiro e também não o último ditador do mundo árabe que vai sentir o fogo de ira da gente que tem controlado. A diferença na sua situação é a intervenção militar do Oeste. Isso tem provocado a reação zangada (mas ponderada) dos países “BRIC”- Brasil, Rússia, Índia, e China. As queixas deles incluem o neo-imperialismo e a violação da soberania. São duas coisas conectadas, claro, mas quero comentar sobre a “soberania.” O sistema moderno de estados foi criado pela Tratado de Westphalia em 1648. Este garantiu o controle dum estão pelo “soberano” dele. Esses soberanos eram geralmente monarcas. A idéia do estado soberano foi exportada pelos Europeus ao mundo inteiro. Obviamente os territórios imperiais não eram assim, mas depois com a independência, os territórios com linhas desenhadas pelas imperialistas se converteram em nações soberanas.

A idéia de ver o soberano dum pais, com fronteiras artificiais (como geralmente são no mundo árabe) controlado pelo ditador que oprima a população, como algo sagrado e inviolável, é um absurdo. É mais apropriada a intromissão aos americanos nativos ou à gente do Tibet porque acontece dentro de fronteiras nacionais? Acho que essas linhas artificiais vão desaparecer no mundo da globalização e vamos ter que aceitar um mundo humano de que os Qaddafis não merecem parte especial. Claro, bater papo sobre a filosofia do nacionalismo quando os rebeldes e legalistas de Líbia batem um no outro e morrem pelas suas crenças (que podem ser nacionalistas) é um pouco gasto, mas é frustrante como ainda moramos pelas regras egoístas de reis mortos.

P de Prova

“A vida não é como uma prova”- frase comum de conselho, ou consolação, dada pelos professores legais e adultos que aspiram à inspiração realista. Na verdade, atualmente, eu sempre sinto um punhal de receio quando ouço isso. É correto, e eu fico no lado dum sistema enganador. Os bons estudantes são acostumados de encontrar valor pessoal nos números e letras altos. É com uma bolsa cheia deles que vamos à universidade, apreensivos mas arrogantes, com sentimento de ser ganhador da escola pública. Para mim isso parecia o “mundo inteiro;” ser aceito como uma garantia de sucesso. Realmente, para mim era receita para depressão e crise existencial. Eu recebi boas notas, mas que fiz, verdadeiramente? Eventualmente não podia justificar a minha taxa escolar para uma diploma dourada e não tinha muito, salvo notas, para justificar uma bolsa de estudos. Eu tenho passado muito tempo tentando identificar o que, exatamente, eu fiz de errado. Ainda não sei, mas estou seguro de que as provas e os sucessos reais não estão tão próximos.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O de Ópio

Como é possível quebrar as costas duma civilização? Os britânicos tentaram fazer isso com drogas. A disponibilidade fácil de ópio que eles induziram casou uma situação caotiquíssima na China e provocou as Guerras de Ópio em que a China foi aberta brutalmente aos impérios europeus. Muitos chineses se tornavam adito de ópio. Eles fumaram para tornar-se baratinados. Imagine que fosse um camponês chinês do século dezenove: incrivelmente pobre, morando nos caprichos do sol e da chuva, e de repente um escape aparecesse para a luz doce dum mundo de tranquilidade máxima que existe ao fim dum cachimbo cerâmico ou de bambu.

Claro, as drogas ainda são bem influentes. No mundo atual, se o poder dum governo numa região for diminuído, é provável que seja reposto por um cartel de drogas. Considere Afeganistão, México, Colômbia, ou as partes pobres das cidades americanas ou brasileiras. São domínios do olho frio do narcotráfico. Se uma catástrofe acontecesse e os governos do mundo desabassem, podia imaginar um mundo controlado por eles, que, como muitos governos históricas, controlam aceso de algo bem querido. A diferença entre ele e um guerreiro numa aldeia sem defensa, um Senhor com terra num lugar agrário, ou um dono dum cassino numa cidade de jogadores é difícil distinguir.

segunda-feira, 14 de março de 2011

N de Nirvana

Considerando tudo frustrado que eu escrevi sobre a hipocrisia de Boulder e o Colorado, devo mencionar algo ótimo que temos aqui. No meio do inverno, com todas as plantas mortas e uma acumulação de sujeira cobrindo o mundo, a neve pode parecer algo irritante e inútil. Mas é impossível, ainda assim, não gostar de algo tão importante à criança.

O dia de neve é um fantasma benévolo que domina as imaginações de todos os americanos jovens da parte norte do país. Na noite antes duma nevasca antecipada, todo jovem batia papo sobre isso, e com cada palavra a tormenta que vinha se tornava maior, mais perigosa e certa de paralisar a infraestrutura da cidade desastrosamente. Na manhã seguinte olhávamos para a televisão com concentração incrível, lendo a lista no fundo da tela de distritos de escolas fechadas.

O quintal, no começo de um dia de neve, nos convidava como tela branca que tivesse sido coberta em fortalezas, anjos (ou demônios) de neve, cicatrizes onde passaram as bolas gigantescas de boneco de neve, e as pegas das batalhas de bolas de neve e sincelos para espadas (eles geralmente só podiam ter função cerimonial, claro.)

Agora, na faculdade, as classes não são canceladas quando temos pés de neve, -15 °F e vento desumano, mas ainda tenho uma alegria selvagem de ver nosso mundo consumido pela neve.

sábado, 12 de março de 2011

M de Misturar

É uma experiência muito estranha mudar duma metrópole cheia de diversidade incrível para uma cidade cheia da gente rica branca que não pode fechar seu papo sobre a diversidade. É um absurdo, especialmente porque as mesmas pessoas que gostam de trombetear suas mentes abertas têm inclinação de pronunciar seu ódio do Sul-Americano e tudo que representa. Acho que é uma maneira de reconciliar a frustração com a estado deste pais com uma falta de habilidade de aceitar nenhuma semelhança de culpa. É assim que pode ver gente aqui fazendo estereótipos do sul-americano que sempre tem cuidado de não fazer sobre os outros países ou regiões. Claro eu sou fazendo a mesma coisa agora, e não é como tudo mundo aqui é exatamente assim, mais eu tenho me tornado chocado nas minhas aulas da natureza difundida desta perspectiva.

Houston é uma cidade de petróleo e então atraí gente de todo lugar- árabes, chineses e outra gente oriental, índios, europeus, africanos, latino-americanos. A posição entre o sul tradicional e o sul - ocidental significa que tem negros descendentes dos escravos e também gente hispânica que morava lá antes ou vem como imigrantes. Então, é uma cidade onde muita gente pode mesclar. Inicialmente quando foi a universidade lá eu tinha pretensão de ser aclimatado á diversidade. Embora não é tão simples- os filhos de doutores, advogados e engenheiros têm oportunidade de mesclar, mas ainda com poucas exceções os ricos e os pobres não. Houston é especialmente interessante porque é uma cidade com obsessão de dirigir e é então a gente sem carros pode ficar muito asilada. Está situação é exacerbada pela falta de leis de zonear: é possível construir qualquer coisa em qualquer lugar. Eu fiquei chocado quando me di conta de que uma vizinhança muito pobre ficasse muito perto de Rice, que é cercada por uma vizinhança riquíssima.

Diversidade num mundo de shoppings e gasolina

http://www.vbs.tv/watch/music-world/screwed-in-houston

quinta-feira, 10 de março de 2011

L de Letra

Não posso me concentrar na aula de Química, A matéria é chata, os outros estudantes barulhentos, e o meu caderno só boceja e me convida para desenhar. A aula passada eu provavelmente escrevi cinqüenta palavras no mesmo número de minutos. Desenhei um homem com prato como rosto e com serpentes enrolando seu corpo que cobriu a maioria da página em que eu anotava. É estanho porque nunca posso desenhar coisas assim quando estou sentado e concentrado na imagem- só é possível no ambiente quase distraído, um pouco “hipnagógico” em que eu vejo aranhas, fantasmas, qualquer coisa no quadro negro. O problema especial com essa classe é a letra da professora em que é impossível não encontrar inspiração. Seus L’s são tão perfeitos, escritos tão lentamente e com tanto amor, que a primeira vez que o escreveu eu estava certo de que só pudesse ser feito para uma palavra especial, como no início de capítulos de livrões antigos; mas, não, toda vez ela faz a letra assim. Sua parede se torna um bosque vitoriano cheio das leis enimáticas de químicas famosos e símbolos que indicam tão longe as partículas que viajam até que colidem espantosamente.

Um amigo me surpreendeu recentemente quando me elogiou sobre a minha escrita. “É muito melhor que era na escola secundária,” disse ele. Eu ri, pensando em todas as queixas das pessoas que lêem o que eu escrevo. Mas, realmente, quando tenho tempo para ser lentíssimo, eu gosto de sentir as curvas dos J’s e G’s e os pontos dos E’s. Eu adotei os E’s dum professor de História e os Y’s duma professora de espanhol. É um pouco desconfortável dizer isso, como se fosse uma confissão dum camaleão no meio dum grupo de répteis honestos. Também não gostava muito desses professores de quem roubei: é estranho pensar em carregar uma parte deles na mão para sempre.

sexta-feira, 4 de março de 2011

K de Kraken

Como homem criado no Colorado, com centenas de milhas entre mim e a costa em cada direção, eu tenho um medo, bem, uma inquietação do mar. Não ajuda de maneira nenhuma que o meu pai me tenha me mostrado o filme “Jaws” quando era muito jovem. Não quero imaginar que aconteceria se eu fosse à praia com menina que quisesse nadar comigo no noite alta- o som das duas teças mais baixas do piano tocando, num ritmo apressado envolveria a minha cabeça. (Eu também gostava de brincar com os soldados de chumbo até o meu pai me mostrar a cena inicial de “Saving Private Ryan,” mas acho que ter aversão disso é mais saudável.)

O mar é um “outro” grande da humanidade- fonte da vida e atração para a maioria da população- mas ultima e profundamente misterioso e enigmático. Portador de vida e morte, dependente dos caprichos dele, uma graça ou uma maldição para o viajante. Me fascinam as lendas dos Vikings, os Europeus originais que foram para o Novo Mundo pelo Oceano Atlântico.

A Kraken é uma monstruosidade, parte lula gigantesca, parte ilha que aparece de repente. Mas também era fonte da vida- os pescadores tinham crenças que uma pesca perto da Kraken era ótimo. Podemos tentar explicar o Kraken de algumas maneiras- atividade vulcânica, no mar, tempestades terríveis, e, mais interessante, as lulas enormes que são encontradas mortas nas redes de barcões. Apesar de meu medo, me parece muito triste que as lendas antigas agora sejam algo inconveniente e morto nas rodas dentudas de nossa civilização.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

J de Jacaré

Ela desliza pela água lutuosa, as videiras oscilando no brilho dos dentes, que penduram na boca como dedos lânguidos de relâmpago. Que espera, nesta hora? Todas quantas são perdidas, pessoa ultrapassada que agora só espera a madrugada. Ela, cujas presas amarelas são um crescente de velas na bruma escura, abre sua boca lentamente, levantando o arco até formar uma porta rodeada por um aro de crisântemos. Logo, um viajante chega e, cansado da lama e da escuridão, aceita o convite da porta com suas flores douradas, entra a caverna com sua respiração calorosa e segura, e fecha os olhos ao tranqüilo som do SNAP! da sua sepultura brilhante.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

I de Independente

Recentemente um problema tem estado fermentando, erupto: a Banda Arcade Fire ganhou um Grammy. Muita gente ficou surpresa, mas eu realmente não sei por quê- sua canção já foi usada como canção tema para um Super Bowl. Ainda, simbolicamente, um Grammy é importante, e suas repercussões irônicas são óbvias. O problema, claro, é que Arcade Fire é de gênero independente, definido originalmente pela separação e oposição ao “mainstram.” Falar desta contradição é óbvio, e eu não quero escrever sobre isso mais. Porém, este momento é seguidor dum processo longe de conflito, separação e absorção de uma cultura diferente e nova. É inoportuno, claro, que o movimento “independente” conjure tão facilmente a imagem de idiotas vaidosos saindo correndo pelas lojas de discos buscando bandas e modismos novos- Parabéns!- mas por outro lado há um ódio profundo voltado aos “hipsters” que sugere um instinto de atacar automaticamente as tentatives de ser diferente ou legal numa maneira que não exige participação nas equipas de futebol americano. Na verdade, estou contente que uma cultura nova esteja juntando com a cultura geral, trazendo novos estilos e idéias para ela. Ainda, agora são como revolucionários em poder, homens que se tornaram os novos conservadores e de quem a geração seguinte de inovação vai ter orgulho de não ser.

http://whoisarcadefire.tumblr.com/

sábado, 19 de fevereiro de 2011

H de Hosni

Hoje é um dia especial. Os jornalista já tinham especulado sobre dias que acontecerá, mas, ainda, quando aconteceu, surpreendeu muita gente. Agora, os mesmos jornalistas especulam no futuro do equilíbrio de poder na região, as reações de Benjamin Netanyahu, se a Casa Branca é bem sucedida ou se tem fracassado terrivelmente. Isso é importante, claro. Eu pergunto se o regime militar novo dará poder aos cidadãos, e se as acordos de Camp David for continuar e manter a paz desconfortável do Oriente Médio.

Mas, para mim, o mais importante é a destruição da imagem monolítica dum regime. Antropologicamente, já é obvio que um governo ou um pais é construção artificial, feita pelos humanos e então não invencível. Porém, é difícil não acreditar nestas ilusões de permanência, não acreditar nisso quando os governos têm armas nucleares e ministérios de verdade e “soma” para a gente descontente. Quando os jovens do Egito usaram a Internet para organizar protestos e Mubarak apagou a internet, vimos uma briga entre o efeito do controle e o efeito de poder popular da tecnologia. Realmente, eu não gosto de lado algum completamente- você prefere um mundo totalitário ou a anarquia? A resposta rápida é Anarquia, mas prefere um mundo em que qualquer pessoa pode obter armas nucleares? Me assusta um mundo que termina em gelo, e um mundo que termina em fogo também.


G de Geologia

Eu sou estudante de Geologia. Há um tipo de paz no coração da terra, e, especialmente, na aceitação do tempo incompreensível. Acho que a única coisa que pode alcançar um nível de transcendência maior é a Astronomia, com tempo e espaço intermináveis. Moramos num piscar perturbado em termos de clima- sem humanos, atualmente, o mundo estaria começando de congelar. Com a calefação global, vamos enfrentar um “tempo interessante,” mas sem isso, realmente, nossa civilização seria certamente destruída por uma época de gelo. Os dez mil anos que geralmente separa os períodos de gelo está acabando. Então, possivelmente não haja paz no Geologia, neste sentido, mas ainda me parece fútil dar uma lágrima por isso, quando o mundo ainda fica nos braços dum universo que não sente ódio ou amor.

F de Fronteira

Tenho amigo que tem um pai com vida muito interessante. Tinha muitos trabalhos, mas, para mim, uma distinção mais poderosa era entre dois trabalhos. Antes, construção dum gasoduto no Bolívia; depois, homem de negócios confortável em Washington. Ele era muito mais contente antes; a diferença, explicou ele, era o estado de ficar numa fronteira. No mundo novo a idéia da fronteira está muito importante na cultura histórica. Nos Estados Unidos o “fechamento da fronteira” foi reconhecido pelo historiador Frederick Jackson Turner no fim do século dezenove. Ele escreveu que o caráter americano foi criado pelo tensão entre a selvageria do sertão e a civilização europeu da que os colonos americanos eram herdeiros. Muitas americanos pensaram na significa desastrosa de morar num pais que ainda não continha fronteira, ainda outros olham para outras países, maneiras de viver, ou espaço profundo como fronteira nova. Atualmente a idéia da fronteira tem desaparecido da mente de muitos americanos, mas para outros, a felicidade ainda fica numa fronteira recuando.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

E de Elefantes

Eles voltaram, finalmente, depois das minhas viagens de buscar fúteis em que eu sempre vi uma silhueta desaparecendo numa nuvem de balões, ou em que espiou uma perna longa e espigada sumindo atrás dum prédio antigo de pedra curvilíneo, me guiando para uma viela alta e sinuosa. Mas agora já voltaram, quando eu estava vagando num plano interminável de divagações. Seus pés apenas não tocam a terra- eles mudam como uma caravana de aranhas gigantescas no vento. A alvorada vermelha está refletida nos seus olhas imperiais, e, no horizonte, minha figura corcunda. Eu não tento segui-los- porque seguiria, agora? Agora, até que enfim, posso dormir.

D de Declínio


Atualmente, neste país, a idéia de declínio está presente em todo lugar- grita das capas de revistas políticas, paira nas aulas e nos escritórios, abençoando conversações pedantes, e até mesmo escorrega nos comícios populistas, uma coisa que não pode ser reconhecido, exatamente, mais por muito é responsável- dívida gargantuosa, guerra interminável, políticos corruptos, filhos preguiçosos, infraestrutura decadente, a gente alienada pela conexão constante com informação banal.

Eu não sei se a America está num declínio terminal; sempre há pessoal dizendo isso, mas os impérios caem aos pedaços sem respeito às previsões falsas. Como estudante da História, me fascinam as reações da gente nos impérios em perigo. Nos impérios romano, britânico, otomano, no Califato Abbasid, pessoas percebiam declínio e prescreveriam, geralmente, um regresso aos modos antigos. Numa época de novas formas de guerra em que o império otomano estava sofrendo, o sultão vestiu a armadura do seu avô e chefiou o exército à batalha. O território do império continuava diminuindo.

C de Colorado

Numa viagem que eu fiz recentemente, muitas pessoas me lembraram de percepção comum do meu estado- um tipo de paraíso turístico completamente coberto de montanhas. Eu não me considero muito bem viajado, mas sempre estou chocado pelas perspectivas estranhas dos americanos sobre outros estados. Um amigo no Texas me disse que imaginava que minha casa estivesse situada no cume duma montanha, e muitas pessoas me perguntaram se Colorado está sempre coberto de neve. As concepções erradas nesta direção no só vão- a gente de Colorado pensa que o Texas é completamente deserto como um filme do oeste antigo. Uma menina de Nova Iorque ficou surpresa que tem caminhos pavimentados lá. Também, acho que muita gente estaria chocada de dar-se conto de que a prefeita de Houston é uma lésbica. Nos filmes de “Star Wars,” todos os planetas são geograficamente uma coisa só- um de deserto, um de cidade, um de gelo, um de pântano, etc. É assim com nossos estados, nossa imaginação popular- é como uma tapeçaria de lugares distintos e monocromáticos.

Na realidade, o leste de Colorado é plano e árido, e as cidades são bagunças com fachadas de pedra falas nos edifícios novos: é muito longe da visão estereotípica de “cidadinha das montanhas.” O front range,” onde a maioria da população mora, está localizada nas planícies mas olhas às montanhas. A gente daqui, então, está um pouco deslocada porque sempre está com saudade das montanhas, onde o Colorado “real” existe. Eu não percebi isso ate morar em Houston, onde a gente não tem esta inquietude. Claro, eles gostam de usar botas do vaqueiro numa cidade gigantesca. É possível que eles sonham com cavalos no deserto.

Uma Banda de Vaqueiros de Houston

B de Bicicleta

Há um tipo de liberdade na bicicleta que não é disponível num carro, no transporte público, ou a pé. Em relação ao primeiro, sempre tem preocupações sobre o petróleo, estacionar, ou, atualmente, o efeito ambiental de dirigir. Quanto ao segundo, é preciso obedecer um horário e visitar lugares especificas. O outro é demais lento- não é estimulante, e está restrito a uma área relativamente pequeno.

Eu gosto de andar de bicicleta nas montanhas e no campo, claro, mas para mim a experiência fundamental da bicicleta é na cidade, numa bicicleta que não é caríssima ou avançada. Aqui em Boulder, todo mundo é atleta profissional, e muitíssima ciclista, mas eu prefiro andar de bicicleta na cidade da minha infância, Longmont, que é uma cidade mais relaxada e não preconceituosa. Aí, no verão, sem destino decidido, estou livre.


A de Adulto?

Nosso sistema de números nos dá a inclinação de dividir ou agrupar quase tudo em grupos de dez, especialmente os anos. As décadas, e os séculos também têm um caráter coerente na nossa imaginação e perspectiva da história. Para um americano, os anos quarenta ou cinqüenta ou sessenta ou setenta conjuram imagens vívidas e distintas. É assim com as décadas da vida. A primeira, infância; a segunda, adolescência; e depois os primeiros dez anos de ser adulto. Legalmente, uma pessoa é adulto quando tem dezoito anos, mas ainda é “teenager” também. (O português não pode ter uma tradução exata porque é resultado dum padrão idiomático da língua inglesa.)

Eu tenho vinte anos. Os meus interesses, amigos, objetivos são mais ou menos os mesmos de quando eu tinha dezenove anos. Ainda, à idéia de embarcar numa década nova é impossível escapar- é arbitrária, mas existe. Ás vezes, de manhã, eu me pergunto se vinte anos é demais para usar os Levis cobertos em rasgões que eram meus jeans favoritos, ou se um álbum de que eu gosto muito é sô para adolescentes. São perguntas estúpidas, reflexões duma concepção arbitrária de tempo ou das fases de passagem da vida, mas ainda estão aí.