quinta-feira, 7 de abril de 2011

S de Sobras

Tenho amigos na faculdade que são relativamente normais, com exceção dum certo ritual que eles fazem e que eu não posso explicar ou entender. Conheço Matt e Lauren desde a escola secundária, embora nos tenhamos tido um período de estranhamento de dois anos quando eu estudava numa outra universidade no Texas. Eu só percebi esse ritual quando voltei; então, não estou seguro de quando ele começou ou quais manifestações iniciais ele tinha.

Tenho que confessar que só testemunhei o seguinte por uma janela. A minha curiosidade começou quando notei um padrão peculiar: quando eu estava na sua casa às 2:45, eles começaram a sugerir educadamente mas insistentemente que eu saísse. Eu não queria ofendê-los, mas depois de algumas vezes eu me di conta de que sempre acontecia à mesma hora e eles tinham atitude estranhamente frenética. Finalmente, um dia eu acidentalmente saí sem minha bicicleta e quando tentei entrar de volta a porta estava trancada. Eu andei para uma janela e, entre as persianas toras, observei o seu empreendimento com muita surpresa.

O ritual é isto: Lauren come uma banquete por uma hora todo dia. De três até quatro o curso das suas interações muda drasticamente. Lauren sai de seu quarto num vestido elegante e com a pele duma raposa vermelha nos ombros. Sara-Jane, que é o outro companheiro de quarto deles, põe uma toalha de mesa rica e verde na mesa. Matt traz um prato dourada e um cálice. Seus braços agitam do peso enorme. Depois eles saem e voltam com todo tipo de comida sofisticada, especialmente animais selvagens que provavelmente venham duma caça terrível. Lauren devora tudo completamente sem preocupação com a inmudície que faz. Só pára de comer para tomar goles de vinho. Finalmente Matt e Sara-Jane trazem a sobremesa, bolos elegantes com inscrições que são impossível discernir.

Se, por uma razão ou outra, um pedaço de carne de porco ou algo assim é deixado de lado durante a limpeza, que começa às 3:55 e termina as 4:00 exatamente, eles não o mudam depois de voltar aos seus dias normais. Porém, inevitavelmente passam o resto da noite dando olhadas rápidos para ele, suas caras torcidas com receio.

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